Levantamento da USP aponta que governadores arrecadaram muito, mas diminuíram investimentos na educação

O ano de 2020, a começar pelo mês de março, foi declaradamente um ano pandêmico em que boa parte das atividades foi cancelada por, pelo menos, 16 meses. Entre as atividades que pararam está a educação. Esta foi uma das primeiras a ver o impacto da Covid-19 em suas ações diárias.

Por medo da contaminação nas escolas e universidades, governadores e prefeitos se anteciparam e declararam a suspensão das aulas. Tiveram o apoio e a segurança jurídica do Supremo Tribunal Federal (STF), que não permitiu o presidente Jair Bolsonaro interferir em questões que gestores estaduais e municipais poderiam administrar.

Porém, agora, com as atividades voltando ao normal, a economista Úrsula Peres, da Universidade de São Paulo (USP), que coordena um estudo da Rede de Pesquisa Solidária, afirma que os governos estaduais deixaram a educação em segundo plano e pouparam o dinheiro em caixa; ao invés de investi-lo na volta às aulas.

- Não houve prioridade para a educação, apesar dos desafios criados pela pandemia - explicou.

E completou:

- Falta coordenação nacional e planejamento das ações dos Estados -

Segundo o levantamento, as despesas com educação caíram 6,4% no primeiro semestre de 2020, se comparado com o mesmo período de 2019. E continuaram caindo ainda no primeiro semestre de 2021, com queda de 1%.

Em termos gerais, governadores vêm encolhendo os investimentos em educação desde 2019. Diminuíram o total de 7,4%. Alagoas, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Sul e Sergipe foram os entes federados que mais seguraram as despesas no setor.

Embora tenham deixado a educação de lado, o estudo pontua que o Governo do presidente Jair Bolsonaro repassou aos Estados e municípios bilhões em recursos federais que permitiram compensar as perdas econômicas e de arrecadação consequências das medidas implementadas pelos próprios gestores estaduais e municipais, que proibia a livre circulação das pessoas durante a pandemia da Covid-19.

Dessa forma, todos os Estados e o Distrito Federal cresceram 10% em suas receitas, no primeiro semestre de 2021. A arrecadação do imposto estadual, o ICMS, também preencheu os cofrinhos dos governadores em 19%. Mas, mesmo assim, os investimentos minguaram.

Por isso, a pesquisadora faz um alerta:

- A falta de investimentos nas escolas pode comprometer a segurança da retomada das atividades presenciais e dificulta a recuperação do atraso de aprendizado ocorrido durante a pandemia - finaliza.

O Inep registrou que o Brasil perdeu uma média de 279 dias de aulas presenciais durante o ano de 2020 e, segundo o estudo “Perda de Aprendizagem na Pandemia”, uma parceria entre o Insper e o Instituto Unibanco, no ensino remoto, os estudantes aprendem menos que 40% do assunto que seria ministrado em sala.

Sem investimentos e com déficit já anotado, a educação, no país, tem um futuro obscuro e imprevisível pela frente.

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