Com pai e filha internados nos EUA, Wizard comparece à CPI, mas mantém silêncio

O empresário Carlos Wizard está sendo ouvido na CPI da Covid-19, nesta quarta-feira (30). Ele é apontando como integrante de um suposto “gabinete paralelo” de aconselhamento ao presidente Jair Bolsonaro no combate à disseminação do coronavírus no Brasil.

Wizard, que é mórmon e estava nos Estados Unidos acompanhando o tratamento de saúde de dois familiares, tentou ser ouvido por videoconferência, mas teve o pedido negado pela mesa diretora da Comissão. O empresário conseguiu um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para não responder a perguntas que o incriminem.

O empresário retornou ao país nesta segunda-feira (28), e foi escoltado pela Polícia Federal até a sede da instituição no Aeroporto de Viracopos (SP) para entregar o passaporte. Após os depoimentos, ele e a mulher pretendem retornar aos Estados Unidos para continuar acompanhando a família.

As “boas-vindas” ao filantropo, já no início da sessão presidida pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), começou com ofensas por parte do opositor ao Governo Bolsonaro.

- Seu advogado está corado. Parece que tomou banho de mar e o senhor, seu Carlos, amarelou aqui na Comissão Parlamentar de Inquérito - disparou Alencar.

Ofendido, o advogado de Wizard, Alberto Toron, pede a palavra e o senador não concede.

- Vossa excelência se referiu a mim e não quer que eu responda? Isso é de uma covardia - bradou, acrescentando:
- O senhor se referiu a mim de forma jocosa. Eu tenho respeito e admiração por vossa excelência. Advogo para muita gente que o senhor conhece. Estou aqui apenas fazendo o meu trabalho -

Otto Alencar afirma tudo se tratou de uma brincadeira, a discussão foi encerrada e Toron permaneceu na sessão.

Em seguida, foi a vez da senadora Eliziane Gama (Cidadania-AM), interpelar o empresário, que é muito religioso, com várias citações bíblicas. Wizard utilizou o direito de ficar em silêncio e não respondeu a nenhuma insinuação feita pela congressista e, dessa forma, se manteve pelas próximas 45 questões dirigidas a ele pelo relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL).

A liminar foi concedida pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF) e Wizard só declinou dela, até o momento, em duas ocasiões: ao ser perguntado se tinha algum relacionamento com a empresa Belcher Pharmaceuticals, que, até 17 de junho, negociava em nome da CanSino.

- Senhor relator, citei esse aspecto na minha fala inicial. Inclusive, fiz questão de apresentar aqui nesta mesa, ajuntada referente a este assunto", disse o empresário.

Em segundo lugar, quando Renan perguntou se as empresas de Wizard tinham interesse em participar do mercado da venda de vacinas contra Covid-19, inclusive ao Ministério da Saúde.

- Não, senhor - finalizou, sucinto e contrariado pelo fato dos senadores o impedirem de ficar ao lado do pai, de 87 anos, que está com a saúde debilitada e exigindo cuidados em tempo integral.
"O que os senhores fariam se os senhores tivessem na minha condição? Deixar o pai sozinho no momento que mais precisam de apoio? Como se isso não bastasse, tenho minha filha que também mora nos EUA e está enfrentando uma gravidez de risco e terá o bebê nos próximos dias - lamentou.

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