Arrependidos, economistas que apoiaram Lula criticam o petista

A lista de novos desafetos do presidente eleito - segundo apuração do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) - Lula (PT) é grande, aumenta a cada dia e ele ainda nem tomou posse do cargo.

Entre os que já o censuraram publicamente, estão Elena Landau, Guido Mantega, Henrique Meirelles, Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan. Estes três últimos, por sinal, ficaram tão preocupados como o novo regime que será implantado no Brasil e as consequências para o mercado financeiro que resolveram assinar uma carta se possionando contra à gastança do futuro governo Lula.

O ex-presidiário, à propósito, já mostra que não está nem um pouco interessado em conter as despesas da sua gestão. Começa que ele já estrapolou em quatro vezes o limite dos integrantes da sua equipe de transição. O máximo que ele poderia indicar eram 50 pessoas. O grupo do petista tem 283, bem diferente de Jair Bolsonaro (PL), que utilizou apenas 27 técnicos.

Fora isso, Lula, repetidamente, tem falado em não cumprir teto de gastos ou responsabilidade fiscal. Já deu prejuízo de R$ 150 bilhões às estatais porque os investidores estrangeiros ficam receosos de investir em um país onde não haja estabilidade econômica ou equilíbrio do Judiciário.

A PEC de Transição que ele quer aprovar, por exemplo, vai romper o teto por tempo indeterminado. Lula diz que é preciso para poder honrar o Auxílio Brasil, que ele nem sabe se ainda vai manter os R$ 600 entregues anteriormente por Bolsonaro. Ele nega que vá encaminhar recursos públicos para ditaduras amigas.

Pelo sim pelo não, os economistas que, antes, eram favoráveis a seu governo, já estão desconfiados do que vem por aí. Mas, agora é tarde. Lula já se comporta como ditador no Brasil e declarou não se preocupar com a ecomia. Na COP27, evento para o qual nem foi convidado, ele disse:

- Vai aumentar o dólar? Cair a Bolsa? Paciência - disparou para horror dos especialistas.

Leia a íntegra da carta:

Caro presidente eleito Lula,
Assistimos a sua fala nesta quinta (17) cedo na COP27, no Egito. Acredite que compartilhamos de suas preocupações sociais e civilizatórias, a sua razão de viver. Não dá para conviver com tanta pobreza, desigualdade e fome aqui no Brasil.
O desafio é tomar providências que não criem problemas maiores do que os que queremos resolver.
A alta do dólar e a queda da Bolsa não são produto da ação de um grupo de especuladores mal-intencionados. A responsabilidade fiscal não é um obstáculo ao nobre anseio de responsabilidade social, para já ou o quanto antes.
O teto de gastos não tira dinheiro da educação, da saúde, da cultura, para pagar juros a banqueiros gananciosos. Não é uma conspiração para desmontar a área social.
Vejamos por quê.
Uma economia depende de crédito para funcionar. O maior tomador de crédito na maioria dos países é o governo. No Brasil o governo paga taxas de juros altíssimas. Por quê? Porque não é percebido como um bom devedor. Seja pela via de um eventual calote direto, seja através da inflação, como ocorreu recentemente.
O mesmo receio que afeta as taxas de juros afeta também o dólar. Imagino que seja motivo de grande frustração ver isso tudo. Será que o seu histórico de disciplina fiscal basta? A verdade é que os discursos e nomeações recentes e a PEC (proposta de emenda à Constituição) ora em discussão sugerem que não basta. Desculpe-nos a franqueza. Como o senhor sabe, apoiamos a sua eleição e torcemos por um Brasil melhor e mais justo.
É preciso que se entenda que os juros, o dólar e a Bolsa são o produto das ações de todos na economia, dentro e fora do Brasil, sobretudo do próprio governo. Muita gente séria e trabalhadora, presidente.
É preciso que não nos esqueçamos que dólar alto significa certo arrocho salarial, causado pela inflação que vem a reboque. Sabemos disso há décadas. Os sindicatos sabem.
E também não custa lembrar que a Bolsa é hoje uma fonte relevante de capital para investimento real, canal esse que anda entupido.
São todos sintomas da perda de confiança na moeda nacional, cuja manifestação mais extrema é a escalada da inflação. Quando o governo perde o seu crédito, a economia se arrebenta. Quando isso acontece, quem perde mais? Os pobres!
O setor financeiro recebe juros, sim, mas presta serviços e repassa boa parte dos juros para o resto da economia, que lá deposita seus recursos.
O teto, hoje a caminho de passar de furado a buraco aberto, foi uma tentativa de forçar uma organização de prioridades. Por que isso? Porque não dá para fazer tudo ao mesmo tempo sem pressionar os preços e os juros. O mundo aí fora está repleto de exemplos disso.
Então por que falta dinheiro para áreas de crucial impacto social? Porque, implícita ou explicitamente, não se dá prioridade a elas. Essa é a realidade, que precisa ser encarada com transparência e coragem.
O crédito público no Brasil está evaporando. Hora de tomar providências, sob pena de o povo outra vez tomar na cabeça.
Respeitosamente,
Armínio Fraga, Edmar Bacha e Pedro Malan

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