Nobel de Física Peter Higgs morre aos 94 anos

O físico Peter Higgs, do Reino Unido, laureado com o Nobel de Física em 2013, veio a falecer na segunda-feira, aos 94 anos de idade, conforme anunciado pela Universidade de Edimburgo na terça-feira (9).

"Faleceu tranquilamente em seu lar, na segunda-feira, 8 de abril, após breve doença", divulgou a instituição em comunicado.

Em 1964, Higgs predisse a existência de uma partícula inédita — o bóson de Higgs —, uma descoberta que demoraria quase cinco décadas para ser confirmada no Grande Colisor de Hádrons.

O Nobel foi dividido com o físico belga François Englert, que desenvolveu teoria semelhante. Ambos receberam, além do reconhecimento, um prêmio de 1,2 milhão de dólares pela descoberta.

O prêmio de 2013 foi atribuído um ano após o Grande Colisor de Hádrons confirmar a presença do bóson. A comunidade científica e Higgs antecipavam o prêmio, anunciado em 8 de outubro — data na qual Higgs escolheu se distanciar, dirigindo-se a um bar para beber uma cerveja. Após o prêmio, Higgs mencionou em entrevistas que o reconhecimento perturbou sua vida serena. "Não aprecio tal publicidade; prefiro trabalhar em isolamento, tendo, ocasionalmente, uma inspiração", declarou o físico.

O que representa o Bóson de Higgs, a "Partícula de Deus"?

A teoria do Bóson de Higgs é crucial para o "Modelo Padrão" da física de partículas, explicando partículas elementares e suas interações.

Anteriormente, acreditava-se que átomos fossem as unidades básicas da matéria. Contudo, foi descoberto que os átomos consistem de prótons e nêutrons (no núcleo) e elétrons (em órbita ao redor do núcleo). Prótons e nêutrons são compostos por partículas ainda menores, denominadas partículas fundamentais. O Modelo Padrão identifica 17 dessas partículas fundamentais e as forças que as influenciam, todas cruciais para a constituição do universo.

As 17 partículas dividem-se em férmions e bósons, totalizando 12 férmions e 4 bósons.

A 17ª partícula, proposta por Peter Higgs, sugere a existência de uma partícula responsável por dotar de massa as partículas que constituem a matéria.

O "Bóson de Higgs", ou "Partícula de Deus", é essencial para a compreensão da formação da matéria após o Big Bang, evento tido como o início do universo há aproximadamente 13 bilhões de anos.

Grande Colisor de Hádrons

Devido à sua natureza invisível, a existência do "Bóson de Higgs" é complexa e desafiadora para a pesquisa. A confirmação de sua existência e a conquista do Nobel demoraram quase cinco décadas, até que em 2012 foi comprovada graças à construção de um acelerador de partículas. Esse dispositivo, um túnel de 27 quilômetros situado na fronteira franco-suíça, possibilitou aos cientistas observar evidências do bóson após colisões de alta velocidade entre núcleos atômicos.