Janja antecipa viagem a Moscou com comitiva antes de Lula e levanta suspeitas sobre gastos e privilégios

A primeira-dama Rosângela da Silva, conhecida como Janja, embarca nesta sexta-feira (2) para Moscou, em mais uma viagem internacional bancada com dinheiro público. Ela viaja cinco dias antes do presidente Lula (PT), que deve ir à Rússia em 7 de maio para participar da celebração dos 80 anos da rendição da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.

Sem qualquer justificativa oficial para a antecipação, a presença de Janja levanta novamente questionamentos sobre o real papel que ela exerce no governo — e se estaria assumindo protagonismo à margem de qualquer mandato popular.

Não é a primeira vez que a esposa do presidente embarca antes dele para compromissos internacionais. Em março, ela já havia feito o mesmo em viagem ao Japão, gerando críticas sobre o uso da máquina pública para fins pessoais ou protocolares sem transparência.

A viagem à Rússia foi acertada em janeiro, após uma conversa de Lula com o presidente Vladimir Putin. O embarque de Janja nesta sexta-feira estava previsto para as 10h, na base aérea de Brasília — tradicional ponto de saída de autoridades do governo federal.

Janja tem sido presença constante em eventos internacionais — de Olimpíadas a encontros da ONU — quase sempre sem que a necessidade institucional de sua participação fique clara. Os custos dessas viagens, que envolvem passagens, segurança, hospedagem e estrutura diplomática, são pagos com recursos públicos.

Apesar das crescentes críticas, o presidente Lula tem reagido com desdém. “Ela vai estar aonde ela quiser, vai falar o que ela quiser e vai andar para onde ela quiser”, afirmou em março, sugerindo que a primeira-dama não se submeterá a questionamentos sobre seu papel.

Durante visita ao Japão, quando novamente viajou antes do presidente, Lula foi questionado sobre a presença da esposa e rebateu: “Primeiro que a minha mulher não é clandestina”. Em seguida, afirmou que “ela não nasceu para ser dona de casa”, frase usada para justificar sua atuação política informal.

Depois do Japão, Janja ainda esticou a viagem até a França, onde discursou num evento sobre desnutrição infantil, a convite do presidente francês Emmanuel Macron. Segundo Lula, “não foi pouca coisa”.

Com a pressão por mais transparência, o governo passou a divulgar sua agenda oficial no fim de abril, após parecer da Advocacia-Geral da União (AGU) que prevê estrutura para sua atuação — embora sem remuneração formal. Mesmo assim, a divulgação de compromissos se mantém majoritariamente nas redes sociais da própria Janja, especialmente no Instagram.

A criação de um cargo simbólico no Palácio do Planalto também gerou críticas, já que institucionaliza, sem voto ou responsabilidade legal, a participação direta da primeira-dama em reuniões e eventos governamentais.

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