Moraes pede 10 anos de prisão para deputada eleita por confrontar o sistema
Em mais um capítulo do autoritarismo que toma conta do Judiciário brasileiro, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta sexta-feira (9) pela condenação da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) a 10 anos de prisão. O motivo? Supostamente ter atuado como "mentora intelectual" de uma invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em janeiro de 2023 — uma acusação frágil baseada essencialmente na palavra de um hacker já condenado por outros crimes.
Como relator do processo, Moraes também defendeu a cassação do mandato da deputada, eleita com expressiva votação popular, em mais uma tentativa de calar vozes críticas ao atual sistema. Segundo o ministro, a Câmara dos Deputados deve ser notificada para efetivar a decisão, caso a condenação se confirme. A medida expõe mais uma vez o desequilíbrio entre os Poderes e o atropelo à vontade popular.
Zambelli é julgada ao lado do hacker Walter Delgatti, figura notoriamente envolvida em crimes cibernéticos e sem qualquer credibilidade. Mesmo assim, o Supremo opta por dar peso às declarações de Delgatti, que alega ter sido procurado pela deputada com o objetivo de gerar "vantagens políticas". A acusação foi sustentada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, indicado recentemente por Lula — o que levanta questionamentos sobre a isenção do processo.
Moraes classificou a atuação da deputada como “vil” e afirmou que houve “graves danos às instituições”. No entanto, ignora o contexto político e o fato de que nenhuma prova material sólida liga Zambelli diretamente ao crime. A defesa, liderada pelo advogado Daniel Bialski, destacou que a única ligação entre a parlamentar e a invasão é a palavra de um criminoso confesso, que ainda tenta se beneficiar de delações.
A perseguição a Zambelli é parte de um processo mais amplo de criminalização da direita conservadora no Brasil. A deputada também é alvo de outra ação penal por portar legalmente uma arma de fogo durante um episódio de tensão nas ruas de São Paulo, às vésperas das eleições de 2022. Esse caso também permanece sem definição, paralisado por pedido de vista no Supremo.
Enquanto criminosos de verdade são soltos e políticos corruptos são perdoados, o STF avança em sua cruzada contra parlamentares eleitos que ousam questionar o sistema. A democracia parece cada vez mais restrita àqueles que concordam com os donos do poder.
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