Moraes manda PF interrogar Mourão em novo capítulo de perseguição política a aliados de Bolsonaro

Em mais uma ofensiva que escancara o uso político das instituições de Estado, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) seja ouvido pela Polícia Federal no prazo de 15 dias. A medida atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e busca investigar se Mourão teria sido “influenciado” pelo ex-presidente Jair Bolsonaro antes de prestar depoimento como testemunha de defesa.

A iniciativa, mais uma entre tantas ações que vêm sendo criticadas por juristas e parlamentares por extrapolar os limites constitucionais, baseia-se em uma especulação publicada pelo site Metrópoles, segundo o qual Bolsonaro teria ligado para Mourão antes do depoimento prestado no dia 23 de maio no processo que tenta construir uma narrativa de “trama golpista” contra o ex-presidente e seus aliados.

No depoimento, Mourão foi claro: afirmou que nunca participou de reuniões para tratar de qualquer medida de exceção no país e negou ter conhecimento de planos ou encontros com intenções golpistas no fim do governo Bolsonaro. A fala, no entanto, parece ter incomodado setores do Judiciário que, sob o comando de Moraes, insistem em manter o ex-presidente e seus aliados na mira de inquéritos cada vez mais amplos.

Além disso, o ministro marcou para o dia 9 de junho os depoimentos de Bolsonaro e outros sete investigados no processo. O primeiro a ser ouvido será Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e delator, seguido por Bolsonaro e os demais — todos acusados sem sentença transitada em julgado, mas já condenados por setores da mídia e por decisões de força discutível.

O chamado "núcleo 1" da suposta tentativa de golpe reúne figuras de destaque do governo anterior, como os generais Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem e o ex-ministro Anderson Torres. Todos foram alvos da denúncia aceita pela Primeira Turma do STF em 26 de março — uma corte que, vale lembrar, não é composta por juízes eleitos e frequentemente atua acumulando funções de acusação e julgamento.

A expectativa é que o julgamento ocorra no segundo semestre deste ano. Caso a corte avance para a condenação, as penas podem ultrapassar os 30 anos de prisão — um cenário que muitos juristas enxergam como um alerta sombrio sobre os rumos da democracia brasileira.

Enquanto isso, cresce a preocupação com o desequilíbrio institucional e a escalada do ativismo judicial, que tem ceifado o direito à ampla defesa, ao contraditório e à liberdade de expressão — pilares de qualquer Estado de Direito que se preze.

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