Câmara obedece a Moraes e suspende salário de Carla Zambelli, mesmo com questionamentos sobre legalidade do processo

Em mais um capítulo polêmico envolvendo a atuação do Supremo Tribunal Federal, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, comunicou nesta quinta-feira (12) que suspendeu o pagamento do salário e da verba de gabinete da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). A decisão atende a uma ordem do ministro Alexandre de Moraes, que já havia determinado a prisão da parlamentar.

Zambelli, uma das vozes mais firmes da oposição ao governo e crítica recorrente dos abusos do Judiciário, viajou para a Itália diante da ordem de prisão relacionada a sua condenação a 10 anos de reclusão — punição vista por muitos juristas e analistas como desproporcional e de viés político. A deputada foi acusada de envolvimento em uma suposta invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2023.

Cassação acelerada

A Câmara dos Deputados também foi notificada sobre o pedido de cassação do mandato da parlamentar, encaminhado por Moraes. Em um gesto incomum de celeridade, o presidente da Casa enviou o pedido à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), dando início ao processo de perda do mandato, mesmo antes de esgotados todos os recursos judiciais — o que levanta sérias dúvidas sobre o respeito ao devido processo legal e à independência dos Poderes.

Extradição em andamento

Na quarta-feira (11), Moraes encaminhou ao Ministério da Justiça o pedido de extradição de Zambelli, que está em solo italiano. O documento inclui a decisão de condenação e os fundamentos legais usados para justificar o pedido, que será analisado pelas autoridades italianas.

Execução imediata da pena

A decisão de prender imediatamente a deputada foi tomada após a Primeira Turma do STF negar recurso de sua defesa. Também foi condenado no mesmo processo o hacker Walter Delgatti Neto, a quem o Judiciário atribui a execução da invasão supostamente a mando de Zambelli.

Enquanto isso, cresce entre parlamentares e juristas a preocupação com o uso político do Judiciário e o precedente perigoso que pode estar se consolidando: a criminalização de opositores e o enfraquecimento da imunidade parlamentar.

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