CPI das Bets termina sem punições e escancara blindagem a influenciadores milionários

Por quatro votos contra três, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets foi encerrada nesta quinta-feira (12) sem qualquer consequência prática para os responsáveis por promover jogos de azar na internet — uma atividade que vem destruindo famílias e arrastando jovens ao endividamento. O relatório da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), que pedia o indiciamento de 16 pessoas e empresas, foi rejeitado pela maioria dos membros da comissão, enterrando as investigações e impedindo que o caso avance judicialmente no âmbito do Senado.

Entre os nomes envolvidos estavam as influenciadoras Virginia Fonseca e Deolane Bezerra, que juntas somam mais de 70 milhões de seguidores nas redes sociais e usaram essa influência para promover plataformas ilegais de apostas. Apesar de graves indícios de propaganda enganosa, estelionato, lavagem de dinheiro e envolvimento com bets não regulamentadas, os parlamentares decidiram arquivar o relatório — numa demonstração clara de blindagem política e midiática a celebridades com poder financeiro.

A senadora Soraya foi categórica ao afirmar que, mesmo com a sabotagem interna à CPI, o trabalho não será em vão. Ela entregará o material colhido à Polícia Federal, ao Ministério da Justiça, à PGR, ao STF e à Presidência da República, com o objetivo de acionar outros órgãos que ainda preservam algum compromisso com a legalidade e o interesse público. “Não terminará em pizza. Eu não sou pizzaiola”, disse a parlamentar, em tom de indignação, à TV Senado.

A CPI, instalada em novembro de 2024, investigava o impacto devastador das apostas online no orçamento das famílias brasileiras, principalmente as mais pobres. Segundo o relatório rejeitado, esses jogos de azar estão entre os grandes responsáveis pela queda do consumo doméstico, pela explosão do endividamento e pela degradação social em comunidades vulneráveis. Um dos projetos propostos visava proibir apostas feitas por pessoas cadastradas no CadÚnico, além de vetar jogos semelhantes a caça-níqueis, como o polêmico "Jogo do Tigrinho".

Um dos depoimentos mais chocantes veio da própria Virginia Fonseca, que admitiu ter utilizado contas falsas para simular prêmios em plataformas de apostas — iludindo milhões de seguidores, grande parte deles jovens e adolescentes. Já Deolane Bezerra, investigada por suposta lavagem de dinheiro por meio de sites de apostas, negou envolvimento, embora já tenha sido presa anteriormente por crimes relacionados.

A estimativa é que o mercado de “bets” tenha movimentado entre R$ 89 bilhões e R$ 129 bilhões apenas em 2024 — valores que não passam pelo crivo regulatório do Estado e que alimentam um verdadeiro submundo digital, com forte indício de conexão com o crime organizado.

A rejeição do relatório é um duro golpe para quem defende a moralidade pública, a proteção da infância e a responsabilização de quem lucra com o vício e a mentira. A omissão do Senado abre precedente perigoso e deixa um recado claro: no Brasil de hoje, quem tem dinheiro e seguidores não precisa prestar contas à Justiça.

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