STF realiza acareações em processo polêmico contra militares que serviram ao governo Bolsonaro

Brasília – Em mais um capítulo da controvertida investigação sobre suposta tentativa de golpe de Estado em 2022, o Supremo Tribunal Federal (STF) promoveu nesta terça-feira (24) uma acareação entre o tenente-coronel Mauro Cid e o general Walter Braga Netto, ambos réus em uma ação penal que vem sendo conduzida sob os holofotes da imprensa e o comando do ministro Alexandre de Moraes.

Durante a audiência, fechada ao público por determinação do próprio relator, Mauro Cid reiterou os relatos prestados em sua delação premiada, que têm servido de base para a narrativa de uma “trama golpista” que supostamente teria sido articulada para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder. O militar afirmou não ter sido pressionado pela Polícia Federal a firmar o acordo.

O general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil durante o governo Bolsonaro, solicitou a acareação para contestar o que considera inverdades ditas por Cid. Ambos mantiveram suas versões sem alterações durante o confronto, que durou mais de 90 minutos.

A audiência contou com a presença dos advogados de defesa, do procurador-geral da República Paulo Gonet — autor da denúncia — e das defesas dos demais acusados, entre eles a do próprio ex-presidente Bolsonaro. Não houve gravação da sessão, apenas uma ata publicada posteriormente pelo STF.

Braga Netto está preso desde dezembro, acusado de tentar atrapalhar as investigações — uma medida vista por juristas e parlamentares como parte de um endurecimento preocupante da Justiça em casos envolvendo o ex-presidente e seus aliados.

Logo após a primeira acareação, uma segunda audiência colocou frente a frente o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército. A iniciativa partiu da defesa de Torres, que tenta esclarecer contradições nas falas de Freire Gomes, apontado como testemunha-chave, mas que não figura como réu.

O processo, que já levanta preocupações sobre a imparcialidade do STF e os limites do poder de investigação da Corte, ocorre em meio a um ambiente de crescente tensão entre o Judiciário e setores conservadores da sociedade brasileira, que enxergam nas ações contra Bolsonaro e militares um uso político das instituições.

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