Centrão trava avanço do PL da Anistia neste semestre

Brasília – O projeto de lei da Anistia, que busca conceder perdão a brasileiros condenados pelos protestos de 8 de Janeiro, não deverá avançar na Câmara dos Deputados por enquanto. Lideranças do Centrão, próximas ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), indicaram que a pauta ficará engavetada neste semestre.

Nos bastidores, parlamentares preferem não misturar temas sensíveis. Alegam que o momento é de concentrar esforços em resolver a crise comercial com os Estados Unidos, após o governo Biden anunciar um tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros – uma dura penalidade que expõe a fraqueza diplomática do governo Lula.

Para tentar minimizar o impacto da medida americana, o Planalto anunciou um comitê interministerial que irá formular uma resposta ainda nesta semana, evidenciando que o governo federal precisa correr para conter os danos causados pela política externa ideológica e pouco pragmática.

Enquanto isso, a proposta de Anistia enfrenta resistências. Uma versão alternativa do texto está sendo articulada entre o presidente da Câmara e o do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). Jair Bolsonaro (PL) também participa das conversas, na tentativa de garantir algum avanço para quem enxerga os julgamentos do 8 de Janeiro como perseguição política orquestrada pelo STF.

Antes do novo embate diplomático com os Estados Unidos, a oposição esperava votar o projeto ainda neste semestre. Agora, admite dificuldades para colocá-lo em pauta.

Versão negociada limita perdão A proposta em discussão deve excluir agravantes que hoje mantêm manifestantes em regime fechado, permitindo que muitos passem ao semiaberto ou aberto. Mas o texto não incluiria financiadores ou “autores intelectuais” – o que na prática pode servir para excluir Bolsonaro, apesar da mobilização de deputados de direita que prometem apresentar destaques para ampliar o alcance da anistia.

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